Começa em julho um novo módulo do Café Filosófico. Esta primeira exposição é com o curador, é uma boa oportunidade de entender a linha de pensamento sobre a qual serão baseadas as outras palestras.
O módulo chama-se "Efeitos psicológicos da crise", de Benilton Bezerra Jr, e esta é sua descrição
"A crise atual teve o mérito de escancarar, aos olhos de todos, os problemas e impasses de um modelo de sociedade baseado no consumo desenfreado, na obsessão pelo lucro e na expectativa (quando não no imperativo) de satisfação sem limites. Este modelo - que se tornou tão hegemônico nas últimas décadas a ponto de se tornar quase impossível imaginar uma alternativa a ele - não se resume a um modo de funcionamento da economia, aos modos de produção e circulação de bens materiais. Ele implica um imaginário social, estilos de relacionamento pessoal, modos de construção de identidades, modalidades de agrupamento social, pautas de sentimentos e formas de sofrimento. Em outras palavras, a crise econômica atual aponta para os impasses e o possível esgotamento de um modo de vida – que abarca tanto aspectos objetivos e matérias quanto a dinâmica das relações sociais e o campo da experiência psicológica dos indivíduos. Este módulo pretende abordar alguns aspectos da vida subjetiva nos quais é possível enxergar o impacto desse modo de organização da vida social. O objetivo é não apenas assinalar os problemas e impasses que as transformações recentes acarretam, mas também explorar os novos horizontes e as novas formas de organização da vida em comum que se insinuam em meio à crise. O módulo começa com uma discussão acerca do impacto de certas transformações históricas recentes (políticas, ideolólogicas, tecnológicas e sociais) sobre as novas fronteiras da subjetivação. O tema central da segunda palestra será o complexo processo de transformação da família, que atinge, em especial, a experiência da infância. Em seguida, serão discutidas as razões e as conseqüências do surgimento de novos modelos de construção identitária, as chamadas bioidentidades, e seu impacto na cultura e na experiência dos indivíduos. O quarto tema trata das novas formas de sofrimento que acometem esses novos sujeitos e seus corpos – em especial a depressão, que avança como uma epidemia do espírito, numa sociedade voltada para a busca da felicidade; e as fugidias doenças do corpo, como a fibromialgia, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, que desafiam a decifração técnica da medicina."
A primeira apresentação será dia 3 de julho às 19h. Grátis! Aproveite, chegando antes para pegar lugar:
Novas fronteiras da subjetivação - Benilton Bezerra Jr.
"Os sujeitos se constituem em contexto. Os ideais que lhe servem de referência, os modelos identitários a que aderem, as modalidades de prazer e de sofrimento que organizam sua existência expressam os traços fundamentais do mundo social em que vivem. Nas últimas décadas este cenário tem sofrido transformações profundas. O esvaziamento da política e da ação coletiva, a explosão das biotecnologias, a espetacularização da vida social, o elogio à performance etc, têm produzido impactos nos processos de subjetivação, redesenhando fronteiras tradicionais entre mente e corpo, normal e patológico, natural e artificial, real e virtual."
Benilton Bezerra Jr. é psicanalista, psiquiatra, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ e pesquisador do PEPAS - Programa de Estudos e Pesquisas da Ação e do Sujeito – UERJ. Publicou, em 2008, com Arthur Leal e Silvia Tedesco, Pragmatismos, pragmáticas e produção de subjetividades (Garamond).
O módulo chama-se "Efeitos psicológicos da crise", de Benilton Bezerra Jr, e esta é sua descrição
"A crise atual teve o mérito de escancarar, aos olhos de todos, os problemas e impasses de um modelo de sociedade baseado no consumo desenfreado, na obsessão pelo lucro e na expectativa (quando não no imperativo) de satisfação sem limites. Este modelo - que se tornou tão hegemônico nas últimas décadas a ponto de se tornar quase impossível imaginar uma alternativa a ele - não se resume a um modo de funcionamento da economia, aos modos de produção e circulação de bens materiais. Ele implica um imaginário social, estilos de relacionamento pessoal, modos de construção de identidades, modalidades de agrupamento social, pautas de sentimentos e formas de sofrimento. Em outras palavras, a crise econômica atual aponta para os impasses e o possível esgotamento de um modo de vida – que abarca tanto aspectos objetivos e matérias quanto a dinâmica das relações sociais e o campo da experiência psicológica dos indivíduos. Este módulo pretende abordar alguns aspectos da vida subjetiva nos quais é possível enxergar o impacto desse modo de organização da vida social. O objetivo é não apenas assinalar os problemas e impasses que as transformações recentes acarretam, mas também explorar os novos horizontes e as novas formas de organização da vida em comum que se insinuam em meio à crise. O módulo começa com uma discussão acerca do impacto de certas transformações históricas recentes (políticas, ideolólogicas, tecnológicas e sociais) sobre as novas fronteiras da subjetivação. O tema central da segunda palestra será o complexo processo de transformação da família, que atinge, em especial, a experiência da infância. Em seguida, serão discutidas as razões e as conseqüências do surgimento de novos modelos de construção identitária, as chamadas bioidentidades, e seu impacto na cultura e na experiência dos indivíduos. O quarto tema trata das novas formas de sofrimento que acometem esses novos sujeitos e seus corpos – em especial a depressão, que avança como uma epidemia do espírito, numa sociedade voltada para a busca da felicidade; e as fugidias doenças do corpo, como a fibromialgia, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, que desafiam a decifração técnica da medicina."
A primeira apresentação será dia 3 de julho às 19h. Grátis! Aproveite, chegando antes para pegar lugar:
Novas fronteiras da subjetivação - Benilton Bezerra Jr.
"Os sujeitos se constituem em contexto. Os ideais que lhe servem de referência, os modelos identitários a que aderem, as modalidades de prazer e de sofrimento que organizam sua existência expressam os traços fundamentais do mundo social em que vivem. Nas últimas décadas este cenário tem sofrido transformações profundas. O esvaziamento da política e da ação coletiva, a explosão das biotecnologias, a espetacularização da vida social, o elogio à performance etc, têm produzido impactos nos processos de subjetivação, redesenhando fronteiras tradicionais entre mente e corpo, normal e patológico, natural e artificial, real e virtual."
Benilton Bezerra Jr. é psicanalista, psiquiatra, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ e pesquisador do PEPAS - Programa de Estudos e Pesquisas da Ação e do Sujeito – UERJ. Publicou, em 2008, com Arthur Leal e Silvia Tedesco, Pragmatismos, pragmáticas e produção de subjetividades (Garamond).
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