Uma honra receber esse material do João, uma prévia da exposição que tem abertura dia 13/04 (qua) às 19h30. Grátis! Sem mais.
MANOLO: UMA INVESTIGAÇÃO.
Um romance, uma pintura, um filme, são obras que no fundo estão investigando um determinado assunto. Uma exposição no fundo no fundo não passa também de uma investigação sobre um determinado tema. No caso desta mostra do caricaturista MANOLO, que o C.C.L.A a partir de hoje está trazendo ao publico, é uma investigação assumida até no nome. Alguns detalhes nos chamaram a atenção sobre a figura deste importante artista gráfico, um deles é o fato de ter nascido em Campinas. Outra curiosidade é que foi dos principais colaboradores da revista campineira Onda (1921-1925), da qual esta instituição tem uma coleção quase completa. Ela foi uma revista modernista, bem no estilo da carioca Careta, de distribuição nacional, digamos até que a Onda se inspirou muito na Careta. Mais outro detalhe chamou-nos a atenção, a absoluta falta de dados biográficos sobre o artista. Assim posto, parece claro que esta exposição é de fato uma investigação, no sentido de descobrir novas facetas, dados biográficos e tentar rastrear parte de sua produção gráfica.
O caricaturista Manolo nasceu em Campinas, em 1895, com o nome de batismo de MANUEL ROMANO. Faleceu em São Paulo, em 1955, cidade para onde mudou-se não se sabe exatamente quando. O que se sabe é que mudou-se de Campinas em 1924, junto com seu irmão. Estas e outras poucas informações são do critico Roberto Pontual, uma das poucas fontes biográficas utilizadas para elaborar estas notas. O mesmo Pontual diz que ele trabalhou em D. Quixote, e aos 15 anos publicou seus primeiros desenhos na Espanha, onde morou por algum tempo. Também morou na argentina, quando publicou na revista portenha Caras y Caretas. Aqui no Brasil MANOLO colaborou com O Governador, importante pasquim popular, que circulou em São Paulo nos anos 1940/1950. Poderão ver nesta exposição quatro números deste tablóide. Fora o livro de Pontual, na área gráfica há poucas informações sobre MANOLO. O historiador Herman Lima, em sua monumental História da caricatura no Brasil(1963), obra em quatro volumes , dedica-lhe somente 14 linhas. A fonte de Lima para este verbete foi Ruben Gill, que na revista Don Casmurro já tinha escrito uma série grande de artigos sobre a história da caricatura brasileira. Infelizmente não possuímos estes estudos de Gill, para irmos diretos a fonte e podermos saber o que ele escreveu sobre Manolo.
A exposição também pretende chamar a atenção para este artista campineiro, que tanto brilhou na caricatura, numa época em que pontificavam nomes do porte de Belmonte, J. Carlos e Kalisto. Queremos chamar a atenção até dos possíveis parentes dele, que possam existir aqui em Campinas, que consigam nos fornecer mais informações sobre o artista. Para que assim possamos formar um acervo mais completo. Quem sabe então possamos idealizar uma segunda exposição, mais completa e menos indagadora. Com informações concretas sobre o caricaturista, como também acerca de sua produção gráfica.
Aqui em Campinas ele foi talvez o principal colaborador gráfico da revista Onda (1921-1925), fazendo parte inclusive da diretoria dela no seu inicio, e desenhando até quase o fim da publicação. Praticamente deu uma feição gráfica a este mensário, tendo participado ativamente em sua primeira fase e dela se desligado em junho de 1924. Sobre este fato há uma charge nesta exposição em que ele se auto-caricatura , dentro de um barquinho, despedindo-se de Campinas. Um ano depois a revista deixaria de circular. Onda foi um magazine que divulgou a vida moderna da província campineira, como também o movimento cultural de uma cidade que crescia vertiginosamente no inicio dos anos 1920. Aspecto muito bem estudado pelo jornalista Eustáquio Gomes em seu livro Os rapazes d ´A Onda e outros rapazes(1992). Nesta obra especifica sobre este magazine e seus participantes, mesmo nela pouco ou quase nada é dito sobre a figura de Manolo.
As poucas informações que possuímos dão conta que o artista morou na Argentina, não se sabe quando e por quanto tempo. Em 1939 já o encontramos em São Paulo, em plena atividade, ilustrando o livro Clarita da pá virada (1939), de Violeta Maria , pseudônimo literário de Maria Clarice Marinho Villac (1908). Há poucos anos esta obra foi reeditada, numa edição independente, preservando as ilustrações e a capa original de MANOLO. Em seguida Manolo, nos anos 40, colabora com o tablóide O Governador, que já citamos, onde praticamente ilustra o jornal todo com dezenas de caricaturas e vinhetas. Da década de 1950 escolhemos para ilustrar sua produção a capa do livro Política em versos, de Lisindo Coppli. Desta mesma época pegamos duas pin-ups do artista, desenhadas para a revista masculina Seleções Humorísticas, em 1952.
A importância de MANOLO parece ter sido grande em seu tempo, haja visto que a Revista do Brasil, de Monteiro Lobato, nos anos 1920, republicava com freqüência seus bonecos. Existia nesta publicação uma seção chamada “As caricaturas do mez”, onde eles escolhiam os melhores desenhos do país para republicarem na seção. Os artistas mais re-exibidos eram simplesmente os melhores do país na época : J.Carlos, Raul, Belmonte, e Kalisto. Com certa freqüência os desenhos de MANOLO, desenhados para a carioca D. Quixote, saíam ao lado destes gigantes da caricatura brasileira. Desta fase de MANOLO em D.Quixote também poderão desfrutar de alguns desenhos aqui nesta mostra. Ele começou a colaborar com este conhecido magazine carioca em 1919, como informa Herman Lima.
Esta exposição tem para Campinas uma importância muito maior, já que o artista aqui nasceu e aqui deu os passos iniciais de sua longa carreira. Sendo assim, é mais que natural e necessário que o C.C.L.A se movimente no sentido de colocar um pouco de luz sobre este artista. Em termos nacionais , a importância de MANOLO na caricatura ainda também está para ser desvendada. Assim este evento tem uma dupla importância, esperamos reunir sua produção em Campinas e também nas publicações de circulação nacional. É apenas um começo do fio da meada chamada MANOLO , que esperamos puxar e fixar. Para que enfim possamos apreciar a arte deste artista, agora com um devido distanciamento histórico.
JOÃO ANTONIO BUHRER DE ALMEIDA
(Campinas, abril 2011)
Exposição MANOLO; UMA INVESTIGAÇÃO
C.C.L.A (Centro de Ciências Letras e Artes)
Rua Bernardino de Campos 989
Centro Campinas- fone 019-32312567
ccla@ccla.org.br
O caricaturista Manolo nasceu em Campinas, em 1895, com o nome de batismo de MANUEL ROMANO. Faleceu em São Paulo, em 1955, cidade para onde mudou-se não se sabe exatamente quando. O que se sabe é que mudou-se de Campinas em 1924, junto com seu irmão. Estas e outras poucas informações são do critico Roberto Pontual, uma das poucas fontes biográficas utilizadas para elaborar estas notas. O mesmo Pontual diz que ele trabalhou em D. Quixote, e aos 15 anos publicou seus primeiros desenhos na Espanha, onde morou por algum tempo. Também morou na argentina, quando publicou na revista portenha Caras y Caretas. Aqui no Brasil MANOLO colaborou com O Governador, importante pasquim popular, que circulou em São Paulo nos anos 1940/1950. Poderão ver nesta exposição quatro números deste tablóide. Fora o livro de Pontual, na área gráfica há poucas informações sobre MANOLO. O historiador Herman Lima, em sua monumental História da caricatura no Brasil(1963), obra em quatro volumes , dedica-lhe somente 14 linhas. A fonte de Lima para este verbete foi Ruben Gill, que na revista Don Casmurro já tinha escrito uma série grande de artigos sobre a história da caricatura brasileira. Infelizmente não possuímos estes estudos de Gill, para irmos diretos a fonte e podermos saber o que ele escreveu sobre Manolo.
Charge de Manolo para o jornal O Governador |
Hernan Lima em A História da Caricatura no Brasil |
Neste desenho publicado em A Onda, o artista seu auto-caricaturou. |
As poucas informações que possuímos dão conta que o artista morou na Argentina, não se sabe quando e por quanto tempo. Em 1939 já o encontramos em São Paulo, em plena atividade, ilustrando o livro Clarita da pá virada (1939), de Violeta Maria , pseudônimo literário de Maria Clarice Marinho Villac (1908). Há poucos anos esta obra foi reeditada, numa edição independente, preservando as ilustrações e a capa original de MANOLO. Em seguida Manolo, nos anos 40, colabora com o tablóide O Governador, que já citamos, onde praticamente ilustra o jornal todo com dezenas de caricaturas e vinhetas. Da década de 1950 escolhemos para ilustrar sua produção a capa do livro Política em versos, de Lisindo Coppli. Desta mesma época pegamos duas pin-ups do artista, desenhadas para a revista masculina Seleções Humorísticas, em 1952.
Primeira edição (1939) |
Charge publicada em D.Quixote, em 1922 |
JOÃO ANTONIO BUHRER DE ALMEIDA
(Campinas, abril 2011)
Exposição MANOLO; UMA INVESTIGAÇÃO
C.C.L.A (Centro de Ciências Letras e Artes)
Rua Bernardino de Campos 989
Centro Campinas- fone 019-32312567
ccla@ccla.org.br
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