O Lobão escolhe muito bem as palavras e suas expressões, envolve nas histórias e críticas. Aliás, ele não poupa as palavras escolhidas, complexifica a idéia do artista, se posicionando sobre vários tipos de artistas e justifica-se muito bem. Fala desde antropologia à ilusão do purismo de ser brasileiro, usando conceitos físicos sobre a energia, o mais legal, de modo a fazer sentido. Critica desde a cultura pop e os não artistas do BBB até aquela forte cutucada na bossa-nova, com suas letras anacrônicas. Defende as propostas novas, a não prioridade da simples perfeição técnica, mas sim da inovação, cabendo o híbrido, mas o novo!
No mínimo, ele dá uma chacoalhada, joga na roda o que você pensa, ou melhor, no que você acredita sem pensar (principalmente na música). O tique no cabelo dá uma pitada na palestra, a maluquice lógica dele surpreende (e por que a maluquice não pode ser lógica?).
Algumas expressões:
“Cúmplice” (aquele que assiste a Globo)
“Peidar na farofa” (o artista que peida na farofa)
E a história do show que ele apresenta e logo depois o ‘DJ’ coloca o tal do axé, uma quebra bruta que ele se revolta (com razão, na minha opinião).
Ia falar que quem não viu, perdeu, mas tem em vídeo disponível no site do CPFL. Não é a palestra de Campinas, mas vale a pena ver!
O debate tinha como eixo o escândalo artístico que se sobrepõe à própria arte, num jogo entre espetáculo fútil e desestabilização social. Para quem viu ou já conhecia o Lobão percebeu que ele tem "conteúdo" e palavrão suficientes para mexer com a música e o modo de vida nacionais e "caretas" (globolizado, padronizado, irrefletido). Como disse, essa maluquice lógica dele é a pura fonte do tipo de escândalo oposto ao que se vê na mídia hoje.